quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O "Petista de Churrasco"

"Sou reacionário. Reajo a tudo que não presta."
 
Nelson Rodrigues
 
 
Há um tipo que vem criando raízes entre nós: o "Petista de Churrasco".

 
E diante do mar de lama, cuja profundidade ainda parece estar em nossos joelhos, eles estão se multiplicando. Depois da debandada de gente como Hélio Bicudo, Chico de Oliveira, Plínio de Arruda Sampaio; depois que foram debandados Celso Daniel e Toninho, depois da discussão da guinada à direita ser tirada da categoria de heresia e da eclosão de Blogs e articulistas de oposição, mas principalmente depois da ação do STF condenando os mensaleiros, a categoria dos Petistas de Churrasco se faz necessária, mais do que nunca, para manter parte importante da força do Partido.
Com o turbilhão de informações, diárias, sobre a roubalheira, fica realmente difícil para a milícia paga da internet.
 
E o PT não se ajuda: os fatos novos vêm com pimenta, como o caso Rose, o que não deixa a questão se banalizar e dá mais munição aos "conspiradores", "reacionários", "fascistóides" e quetais. Resta então muito pouco aos petistas que insistem em sê-lo seja por vergonha de admitir o engodo, seja porque acham que não ser petista quer dizer necessariamente ser tucano ou ainda porque devotam a Lula adoração eterna e, convenhamos, se desfazer de um Deus é bastante complicado.
 
Resta levar o debate ao chão, como no jiu-jitsu. Esquivar-se dos argumentos do amigo, colega - o que em muitos momentos é se esquivar da realidade - e no último caso levantar a voz e ofender. O Petista de Churrasco não tem medo de estragar o evento, nem mesmo teme dar uns berros ou ironizar cheio de raiva o dono da casa, sugerindo sua desinformação ou adesão a algum sistema ditadorial de direita.
Na falta de argumentos, está sobrando apenas sentimentos.
A gente entende.
Muitos de nós já apostaram em Lula e no que julgávamos um projeto. Fosse só pela competência de continuar os programas tucanos trocando os nomes, e mais nada fazer de novo que prestasse a não ser inaugurar pedras fundamentais, ainda assim poderíamos estar no nível da competência administrativa.
O que o Petista de Churrasco não vai aceitar que se diga, e isso será uma facada pela frente, é que o PT é se converteu num partido de ladrões.
 
Por que não deixam Marcos Valério falar? Por que não ouvem Carlos Cachoeira? Quem não deve teme? Experimente perguntar estas três questões a um Petista de Churrasco e terá a festa estragada.
Os Petistas de Churrasco não têm medo de perder amigos, de fazer pesar o ambiente, de ofender. E não discutem desta forma necessariamente por serem boçais, mas por desespero. Querem ganhar no grito, ridicularizando o colega, que muitas vezes está com o filho pequeno no colo.
E o que fazemos? Nos calamos. Não por sermos necessariamente de direita, mas apenas por senso de ridículo.
E fica a impressão de maioria silenciosa, de oposição cidadã claudicante.
 
Não senhores. Aqui estamos, mas o nosso jeito é diferente. Se houve mensalão tucano, que sofra na letra fria da lei quem o fez. Se houve privataria, que se prenda quem a promoveu. Não temos ladrões de estimação.
Por termos percebido que um Estado que tudo dá, tudo pode tirar; por nos recusarmos a passar com uma utopia por cima de liberdades individuais; por reconhecermos Stálin, Hitler, Fidel, Mao, Mussolini, Pol Pot, como pragas da mesma natureza, só discrimináveis em sua virulência; e principalmente por ainda (ainda) vivermos numa democracia que nos dá o pleníssimo direito de achar o que bem entendermos, queiram nos desculpar: "nóis vamo" ali ver se a picanha já saiu.