quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Compensa tungar os ricos?

"Pago menos impostos que meus faxineiros."
Warren Buffett

  O diacho é que o tal imposto sobre fortunas está lá num artigo da nossa Constituição. Se for aprovado, que não se venha com a lenga-lenga de Ação Direta de Inconstitucionalidade. O que nosso congresso pode fazer é dizer, como disseram os Congressos da Áustria e Dinamarca, em 1995; os da Finlândia e Luxemburgo em 2006 e o da Alemanha em 2007: provaram por A+B que o imposto não redistribui a riqueza e tem caráter confiscatório e pelas bandas destes países pobres acima citados, o assunto já morreu.
  Trata-se de uma ideia sedutora, que se ancora em duas lendas: a primeira é a crença comunista, esquerdista, socialista, sei lá, que diz que a economia é um jogo de soma zero. Por essa razão é fácil imaginar que aquele prédio suntuoso ao lado da favela de Paraisópolis só é possível porque os moradores do prédio estão em posse de uma grande soma de dinheiro que pertenceria por direito aos moradores da fav... perdoem, aos moradores da comunidade. 
  Então, amigos, este raciocínio remete à conclusão de que a economia é de um tamanho fixo. Já há um bolo de dinheiro pronto e dependendo do tanto que você tem, pior ainda se você tiver muito, vão dizer que você mordeu a fatia destinada a outro ser humano. O que um esquerdopata não quer entender, é que a economia cresce e diminui. O princípio de Lavoisier não se aplica, senão ao contrário. Na economia tudo se transforma e ganha valor, e isso faz com que a economia cresça. 
  Vamos exemplificar: o ferro está debaixo da terra. E precisa ser extraído, inclusive com algum cuidado - Mariana que nos diga. Uma vez extraído ele custa um tanto por unidade de peso. Neste momento, o ferro estará bem parecido com o que foi criado pela natureza. E seu preço será quase simbólico, pois todo o trabalho que tivemos foi tirá-lo da terra. Já vimos, pelo lamaçal do rio Doce, que este trabalho não é tão simples assim, mas vamos lá. Coloquemos este ferro em um trem que irá levá-lo a um porto, que por sua vez o embarcará em um navio (e por favor não imaginem que do trem ao navio serão usadas pás para transferir o ferro). Este navio irá a um país que transformará este ferro em, por exemplo um carro.
  É fácil intuir que o ferro que acabou de sair da mina tem um custo. E que o mesmo tanto de ferro que está presente no carro tem um custo maior. Sim, ele se transformou num carro, mas já não podemos dizer que seja o mesmo ferro, dá para entender?
   A gente explica: quando a Luciana Genro e outros heróis falam de distribuição de renda eles se referem ao "capital financeiro". Sim, capital financeiro é algo muito próximo ao dinheiro em espécie, ao "tutu", ao "faz-me-rir", à "grana", ao "cascáio", em suma, já entenderam né? Pois é. Mas o que a Luciana não te contou (e a danadinha bem que sabe disso), é que tem outro tipo de capital, que é o Produtivo. Vamos voltar para a mina de ferro? O capital financeiro está lá presente nos lucros da mineiradora. Estes lucros já são taxados no Brasil, veja este parágrafo, retirado de um texto de Leandro Roque, do Instituto Mises Brasil:

Por exemplo, vejamos os impostos incidentes sobre as empresas.  No Brasil, a alíquota máxima do IRPJ é de 15%.  Porém, aqui as coisas são mais avançadas.  Não bastasse o IRPJ, há uma sobretaxa de 10% sobre o lucro que ultrapassa determinado valor, há também a CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido), cuja alíquota pode chegar a 32%, o PIS, cuja alíquota chega a 1,65% e a COFINS, cuja alíquota chega a 7,6%.  PIS e COFINS incidem sobre a receita bruta.  Há também o ICMS, que varia de estado para estado, mas cuja média é de 20%, e o ISS municipal.  Não tente fazer a conta, pois você irá se apavorar.

O capital produtivo, é o trem, os imensos caminhões, os trilhos, os navios, os guindastes, as indústrias de transformação, que colocarão outros materiais como o plástico e a borracha nos carros, e daí mais navios, mais guindastes, mais portos, alguns caminhões-cegonha e está lá o carro todo bonitão na concessionária. Na boa, você acha mesmo que ele tem que valer a mesma coisa do chumaço de ferro que a escavadeira arrancou da terra?

E este capital produtivo também tem dono, e é exatamente aí que está grande parte da riqueza daqueles que chamamos ricos. Sobre este capital, nada a declarar por parte dos comunas bonzinhos.

Existe uma segunda lenda, juro que é curtinha, mas é bem legal para entender. A lenda é um professor de economia chamado Thomas Piketty. Ele ficou bem bravo porque um rico americano paga 18% de imposto sobre sua renda, enquanto que um trabalhador médio paga 23%. Ele acha isso injusto. Seria, se a renda fosse a mesma, o pá! Ele diz que fez um estudo em que se começaria taxando em 0,5% anuais os "ricos" que tem um patrimônio de 260 mil dólares. Uma instituição chamada Tax Foundation fez uma simulação e chegou à conclusão que este imposto traria uma diminuição média de 5% nos salários dos EUA, mais uma diminuição do PIB de 6% , ou seja, 991 bilhões a menos no caixa do Tio Sam. O dito livro do Piketty se chama "O capital no século XXI" e custa uns 30 conto na Saraiva. E o estudo que esculachou com o livro pode ser acessado por aqui:

http://taxfoundation.org/article/impact-piketty-s-wealth-tax-poor-rich-and-middle-class 

Me perdoem, eu não sei como faz esse troço de link...

No fim das contas, resta a questão de que a economia não é uma soma zero. Ela cresce e decresce. Ela tem atores que fazem com que isso aconteça, e ao contrário do que muito esquerdóide engomadinho pensa, às vezes as coisas dão errado para os empreendedores. E o prejuízo, ah, o prejuízo eles acham que não devem dividir não. 
Resta a questão também do capital produtivo, envolvido na produção, na logística, na compra e venda, sem contar os ditos empregos indiretos. Ou seja, amiguinhos, o groooosso do dinheiro do rico não está no bolso dele. E em última instância, você aí, mané, que vai achar bonitinho o dono da AmBev pagar muito mais impostos (são três donos, só pra te posicionar), espera só para quanto vai o preço da Skol. Ou você acha que a tunga não vai passar para o preço final dos produtos?

A grande conclusão é que os ricos não ficam mais pobres com este imposto, que como se não bastasse gera inflação e no fim das contas distribui mesmo é a pobreza. E nem se pode dizer que a intenção seja boa, já que uma ideia dessa nasce da inveja de alguém que não acha justo o simples fato de existir outro alguém muito mais rico que ele.