terça-feira, 5 de junho de 2012

Ricardo Lewandowski

O destino armou para Enrique Ricardo Lewandowski. Dizem as más línguas que ele foi indicado para o Supremo por dona Marisa, primeira-dama à época. Seria parente de uma amiga, ou algo que o valha. Examinando seu currículo, percebe-se nitidamente sua aptidão técnica para o cargo. Causa estranheza o fato do douto ministro estar estudando o processo do Mensalão até agora, pelo menos sob o ponto de vista de seu saber jurídico. Como revisor do processo, trocando em miúdos, ele tem como função averiguar se os trâmites foram seguidos certinho, e assim não vai haver advogado de defesa tentando suspender o julgamento, não porque ali se forja uma potencial injustiça, mas porque há um acórdão de 1954 que prevê que sessões não podem ser feitas em dias de chuva, e por isso, só por isso, a integridade de seu cliente está em risco e o julgamento merece ser suspenso. Diante do que temos como advogados de defesa, o melhor mesmo é uma revisão bem revisadinha.
Mas já está demorando demais. Essa demora tende a fazer com que alguns crimes da quadrilha prescrevam. Tende também a fazer com que se aposente um ou outro ministro indicado por FHC, o filho do demo, e assim sobre uma cadeira para mais um indicado pelo PT que será "cosa nostra".
Ricardo Lewandowski, que aproveitou para ir à Suíça mesmo com a entrega da revisão do relatório sendo exigida pelos quatro ventos, talvez queira conscientemente melar o processo.
Sua demora é uma confissão de voto. Melhor dizendo, uma mostra de qual é sua convicção. Deve ser a mesma do relator, Joaquim Barbosa, que define o episódio do Mensalão como ato criminoso de uma quadrilha. Assim é a convicção do Procurador Geral da Repúbilca, Roberto Gurgel, que atuará como promotor no caso. Assim é a convicção, aposto, de todos os envolvidos, inclusive Lula.
Não há razões técnicas, operacionais, logísticas ou mesmo políticas para o adiamento do julgamento do Mensalão. É certo que é ano de eleição, mas fará bem à democracia uma condenação em massa de políticos corruptos, e não o contrário como pensa infelizmente grande parte até da oposição.
Lewandowski não entregou a revisão porque deve concordar com o relator. E por isso não entregará a tempo.
Os crimes prescreverão, mas parece que o objetivo é esse. Soa como se ele não tivesse mais compromissos nem com o povo, nem com o saber jurídico.
Mesmo com todas as convicções, o STF vai, com o perdão do chavão, parir um rato e daqui a algum tempo os petistas ainda baterão no peito dizendo que o Mensalão é invenção da Veja.
Não sei e nem quero imaginar se há algum tipo de ganho por parte de Lewandowski, melhor achar que não.
Caso continue com esta leniência servil, este ministro, que propositadamente adiou  a votação de um dos crimes mais hediondos de nossa história recente até a ponto de invalidar o julgamento, será na prática o maior culpado de todos.

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