quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Lengalenga é seu nariz esmilinguido!

Segue a fala do ministro da Saúde José Gomes Temporão, hoje em Moçambique. Saiu no Estadão.com.br:

"Existem algumas vozes, para mim, minoritárias, e isso é positivo, que vêm com a velha ladainha, lengalenga, de que a saúde precisa de mais gestão. Quem fala isso, fala de cima de seus magníficos planos de saúde e acha que o povo tem de ter uma saúde de segunda categoria."

Vixe! A grita contra a CPMF chegou à costa do Índico. Fosse coisa de uma minoria não traria incômodo. Não achei o áudio desta declaração, que por isso ficou atrás do "cabeçário" de Fernando Haddad (ele se referia ao "cabeçalho" da prova do Enem) - cujo aúdio está disponível na rede, eu vi no Blog do Augusto Nunes.
O fato de ser velha a ladainha de que a saúde precisa de mais gestão é um sintoma. Já deveria sim ter sumido. A fome no mundo também. Enquanto a saúde não encontrar seu rumo e a fome no mundo não for debelada, continuaremos. Mesmo sendo uma minoria. O governo Lula teve a CPMF por cinco anos, ela caiu em 2007. Se a coisa não engrenou nem assim, não adianta chorar agora, não adianta bater o pé, nem chamar de bobo quem discorda.
Mas bom mesmo é o julgamento que o ministro faz da gente: se falamos que a saúde precisa de melhor gestão, o fazemos de cima de nossos magníficos planos de saúde. Oi? Hein? Mag... o quê? Esse homem tá falando da gente mesmo? E se a gente acha que o povo tem mais é que ter saúde de segunda categoria, por que raios cobraríamos melhor gestão do ministério? Ah, e a gente não é do povo?
Como se trata de um tema meio meio difícil de entender, algum marqueteiro deve ter soprado no ouvido do ministro que essa oposição maledicente se compõe de aquinhoados, e por isso mais educados. Temporão assume o que o governo tem negado: que parte substancial de seus eleitores é formada de grupos mais pobres, deseducados e que sua oposição está na elite.
Isso é uma bobagem. Não quer dizer nada. Não quer dizer que os mais pobres estejam a favor da CPMF, não quer dizer que eles não achem que a saúde precisa de gestão. Muito menos quer dizer que estejam calados.
Entenda uma coisa, Ministro: nós queremos uma saúde pública decente, e isso só é possível caso haja uma gestão decente de recusros. E lengalenga é dizer que os planos de saúde são magníficos, e símbolos de status, quando na verdade são um imperativo em tempos de desassistência pública, sem contar a vergonha a que submetem seus clientes e o achaque que impõem aos profissionais que ainda insistem em trabalhar para eles.

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