quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O último refúgio dos canalhas

Não sei se foi Tolstoi quem disse que "O patriotismo é o último refúgio dos canalhas." Antes cumpre dizer que o termo 'canalha' vem do latim, significando originalmente algo como 'conjunto de cães'. Há quem diga "cair na boca da canalha" ao indicar que determinada pessoa está sendo vítima de fofocas. O uso consagrado deste adjetivo, no entanto, se refere a um só indivíduo, nunca um cão, e todos sabemos seu atual sentido.
Pois bem. Vejo no blog do Frederico Vasconcellos, o qual sugiro para quem quiser acompanhar o Judiciário, que o juiz Edilson Rodrigues, de Sete Lagoas foi condenado à disponibilidade compulsória por emitir declarações preconceituosas em sentenças onde julgava casos de violência contra mulheres. O magistrado escreveu asnices como "o mundo é masculino", "Jesus foi homem" e até a clássica "a desgraça humana começou no paraíso por causa de uma mulher."
Uma das colegas que o julgava votou contra a condenação, recomendando uma censura e um exame  de sanidade mental. Sempre foi assim. Quando não há mais possibilidade plausível de defesa, apelam, como um último recurso (ou último refúgio...), para a psiquiatria. Sorte nossa que o Tribunal não se comportou como um bando de cães e nem ligou para a argumentação da doutora. Condenou o distinto à tal da Disponibilidade.
Assim sendo, o senhor Edílson será proibido de excercer qualquer atividade nos próximos dois anos, porém sem prejuízo de salário. Vai continuar ganhando para, agora sem trabalhar, continuar a odiar as mulheres em paz.
Deve ter um monte de justificativas em linguagem de tribunal, para este tipo de condenação. Ao juridiquês respondo com o latim: trata-se de típica sansão corporativa, bem ao gosto da canaglia.

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