quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Neste país só os revolucionários e os criminosos são profissionais

O título do post é de uma frase extraída de um artigo de Olavo de Carvalho, a frase completa é:

"Neste país, só os revolucionários e criminosos são profissionais. A oposição democrática, com toda a sua afetação de elegância, é de um amadorismo patético."

O artigo em questão, publicado no Diário do Comércio em 08/11, versava sobre a atitude das oposições no período eleitoral. Tomo a frase emprestada para comentar o projeto aprovado na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados que dá às Centrais Sindicais o tempo de dez minutos semanais em redes de rádio e tv "para discutir matérias de interesse de seus representados; transmitir mensagens sobre a atuação da associação sindical e divulgar a posição da associação em relação a temas político-comunitários." (trecho entre aspas tirado do sítio 'vermelho.org', vinculado ao PCdoB). A proposta inicial era de dez minutos diários, e originalmente é de autoria de Manuela D'Ávila, aquela deputada gaúcha bonitinha.
Estão vendo? Isto é ser profissional, senhores! O tal projeto tramita em caráter conclusivo, ou seja, não tem a necessidade de ser votado pelo plenário. De tal sorte que, se dormirmos no ponto, toparemos com uma voz em off interrompendo a alienante novela das sete para exibir um programa da CUT pago pela mesma rapaziada que pagará pelas Olimpíadas.
Ora ora: os sindicatos já recolhem uma parcela do imposto sindical, não têm que prestar contas deste dinheiro e agora, se nada for feito, invadirão, de graça, o horário nobre das tv's para divulgar suas posições em relação a "temas político-comunitários" (meus sais...). As tv's e rádios terão benefícios fiscais pela cessão do horário.
É bom lembrar que esta tramitação pode ser barrada por qualquer deputado, então que nos preparemos. Vale mandar email, fazer correntes, o que for. Sejamos profissionais.

O que não podemos é assistir a esta estatização dos Sindicatos. Ser uma entidade de utilidade pública não quer dizer que esta entidade seja pública. Já temos que conviver com os horários gratuitos para os partidos, mais essa agora será intragável.
Só uma pergunta: a Fiesp, por exemplo, tecnicamente é um sindicato. Ela teria direito à boquinha também? (não é para ter, isso é uma piada, rs)

A investida contra as redes de comunicação só tem sentido sob a ótica "revolucionária", a mesma que afirma, ainda hoje, que as comunicações no Brasil estão nas mãos de três famílias. A gente não pode se dobrar, ter medo de gritos, se culpar com pena dos trabalhadores que "não têm o direito de se manifestar". Têm sim e o fazem.
A reação dos estudantes contra o Enem, mostra bem isso. Alguém viu a UNE? Alguém viu a Ubes se manifestar? Qual nada, a garotada está indo às ruas de nariz de palhaço sem o barulho de trios-elétricos alugados por estudantes profissionais. Virar braço armado de governos é missão de sindicatos em regimes fascistas.

As Centrais Sindicais já têm espaço na Imprensa. Se quiserem fazer propaganda, que paguem. Dinheiro para isso já têm.
Foi você que deu.

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